Ele: Acho que nunca chegaste a perceber o meu mundo, a maneira como vejo e reconheço o valor das coisas, mesmo as mais pequenas. Não conseguiste lidar comigo. E eu sinceramente tentava, mas era cada vez mais difícil mostrar-te o lugar perfeito onde eu e tu iriamos viver juntos, nunca estavas de acordo comigo, e pensavas que eu simplesmente me ria da tua cara com todas essas conversas. Mas não. Desde que tu apareceste e fizeste a minha pequena vivência, numa vontade incontrolável de te amar sem pensar em mais nada, que deixei de pensar só em mim, e passei a concentrar-me mais no que realmente me começou a importar - tu. Eu sei que é nestas palavras que tu não acreditas. Peço-te desculpa então por nunca ter conseguido que acreditasses. Mas sim, eu amei-te e nunca foi pouco.
Ela: Quero começar por te dizer que leio todas as tuas cartas, e quero responder-te especialmente a esta porque o mundo está cheio de pessoas sem carácter, e eu não quero que me acuses de ser uma delas. É aqui que entre nós surge uma pequena diferença. Não falo de uma diferença de humores, ou de uma diferença de cor de cabelo, mas sim na personalidade que cada um de nós transmove. Dou-te certezas que nisso eu não me comparo contigo, as comparações são actos que não se devem de se fazer, cada pessoa é como é, algumas com certas parecenças, mas eu e tu não somos de todo um caso assim. Desde o primeiro dia que eu te digo que o que nos une é simplesmente o amor que temos um pelo outro. Acredito sim que o meu amor por ti, tenha sido um pequeno erro – visto agora que já não me encontro na situação -, sentindo-me culpada por todas as vezes que podia fugir e não tentava sequer. O meu coração sempre foi mais forte que as minhas forças. Puxava-me sempre nas alturas que eu pensava em abandonar-te. Naquelas alturas críticas, onde já não éramos nós, mas sim tu e eu, quando tudo deixou de fazer sentido, e eu era a única a transportar todas as falhas. Porque tu, tu para mim falhaste em todos os pontos do amor, se é que podemos chamar-lhe isso. Eras fraco de mente e fraco de coração. Passava-te sempre ao lado as vezes em que te chamava para me olhares nos olhos e subires às estrelas comigo. Passava-te ao lado todas as vezes em que te estendia a mão para auxilio de algum problema teu. Tenho pena. E juro que não vou chamar-te “falhado”, eu sei que seria descer baixo demais, iria descer mais baixo do que tu descente na minha consideração. Porque estaria a ser infantil, ao faze-lo. Já não sou do tempo em que nos “atacamos” com nomes um ao outro – mas já tu, creio que me conseguiste convencer que és exactamente o contrário de mim – à primeira oportunidade dizes-me o que queres e o que não queres. E se o tempo que eu te tive em mãos foi pouco para tu me dizeres que não te conheci, então meu querido, não quero mesmo alargar esse tempo. Por mim, o fio partiu-se à muito tempo.