terça-feira

repouso mental absoluto

Estou decidida a ficar por casa, sem grandes conversas, com uma roupa qualquer mas que cheire a lavada, a fresca, e que me dê um pouco de paz. Sei que preciso de ocupar a cabeça e falar com alguém que me conheça talvez um pouco melhor do que eu, sim porque neste momento eu chego a dizer que já não sei quem sou, mas agora vou optar por me manter aqui, neste canto, que todos os dias me acolhe melhor do que ninguém, e ouve o soluçar do meu choro. Estou estranha, tenho vontades diferentes do habitual, principalmente diferentes de raparigas com a minha idade. Tenho até uma estranha forma de amar. Estou caída no meio de tantas vantagens e desvantagens, no meio de amigos e inimigos, a querer o meu bem e outros o meu mal. Posso dizer que não me conheço, mas a eles também os desconheço, digo isso com toda a minha certeza. Porque dentro de mim, o vazio está mais do que instalado, mesmo que ainda haja alguém que me dê a mão, que me segure o sorriso, e me ame como sou. Mas de que vale “eles” me amarem, se eu não me amo? Desconhecida forma de pensar esta minha, é verdade. O que é certo é que me sinto entristecida, com maneiras de estar inconvenientes e com medo de viver o dia de amanhã. Com medo de acordar amanhã e porém sentir-me presa a algo que não me deixa livre, que não me faz sentir mulher mas sim só acredita na pessoa fraca que sou. Sim, eu sei que sou fraca, mas gostava de agora ouvir alguém dizer que nem todos os fracos são vencidos, que há sempre alguma coisa que esses conseguem estabilizar uma força. Gostava disto e daquilo, sem saber bem do quê. Hoje estou assim, ou melhor à uns bons dias para cá que o meu pensar se reflecte nisto. Ao olhar-me ao espelho não me sinto eu, mas sim outra pessoa que tanto me queria ver num estado lastimável que acabou por conseguir. Não sei o meu nome, nem como vim aqui parar, muito menos o que estou aqui a fazer. Deram-me apenas a conhecer que tenho um coração, e que é ele que ainda me faz viver, e que há “ele” que mo levou, e que agora não mo traz de volta inteiro, deu-me apenas metade, a outra metade é “ele” que vai cuidar. É ele que me vai tentar levantar do poço onde eu não estou a conseguir sair.

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