De alguma maneira sinto que já não sei escrever sobre nós, sinto que em tão pouco tempo tu conseguiste desgastar-me as palavras e fazer com que estas deixassem de ter o seu valor. O valor que eu lhes dava cada vez que pegava na caneta e redigia uma página nova para nós – nestas minhas folhas, onde só tenho escrito o teu nome, mesmo que nada me soa bem -. Agora deixei de sentir aquele toque que me atravessava o corpo de cima abaixo cada vez que lia algo nosso, - toque bom por ventura -. É verdade que só vamos em apenas um mês e meio mas parece que muita coisa deixou de fazer sentido; e esta é mais uma delas. Dava tudo para voltar a encantar-me com tudo o que escrevo. Neste momento só consigo repetir palavras, dá-me uma intriga tão grande cá dentro. Perderam todo o grande valor que lhes dava. Até nós estamos a perder o rumo, e as forças. Talvez seja o meu passado, talvez seja o teu, não sei… Atormenta-me que o nosso amor não passe disto, e que as minhas palavras caiam de uma forma tão vulgar, quando antes eram exprimidas de uma maneira tão intensa e desusada. Teimo em pensar que ao escrever estou a perder o meu tempo, pelo menos para ti, que parece já não usufruíres tanto do que exprimo como à uns dias atrás. Diz-se que dias podem mudar uma vida, e começo a concordar, começo a sentir que estes dias têm levado para longe os abraços, as trocas de palavras, os olhares doces e a nossa maneira de sermos um com o outro. O mais incrível é que mesmo que eu tente largar-te a mão o meu coração não deixa, ele persiste na vontade de ficar, na vida que podemos vir a viver juntos. Eu que prometi ficar-me pelo primeiro grande amor da minha vida, e dizia não acreditar em palavras de outros homens, fui ao teu encontro e deixei-me levar por esse teu ar de miúdo e essa tua voz que me aquece as noites. Tu voltaste a fazer-me acreditar no amor, no que podemos retirar dele, e nas suas vantagens. Magoei-te em tantos pontos, que muitos deles me escaparam da cabeça. De facto, já não há muito que eu possa dizer. Como já te disse as minhas palavras secaram. Sinto-me fraca por tudo isto, na verdade era nas palavras onde eu encontrava o verdadeiro sentindo das coisas, onde eu desabafava dias inteiros, e onde brincava com tudo o que me ia na alma. Deixou de ser assim, pelo menos por agora. Já não me sinto capaz de fluir histórias evidentes, e de contar a minha própria história. Onde tu passas-te a ser o papel principal da mesma. Dá-me uma dor enorme ver que já não são os meus excertos que me dão força, que já não são eles que me puxam para cima cada vez que os lia, ou que os escrevia. Mas é como tudo na vida, há coisas que deixam de fazer sentido.
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