sábado

A mente não descança


De todas as alturas aquela foi sem duvida a que mais me acalcou o coração. Sangrei de todas as feridas que ainda mal se tinham fechado, senti a minha alma fria como um cubo de gelo… deixei a minha mente naquele lugar, naquelas imagens, naquele tempo, com ele ou sem ele, a minha mente permanecia ali. Eram portas a bater e lá fora estava um frio de congelar a espinha. Tive medo de acender o meu cigarro das 7 da tarde e ainda mais medo tive de o levar à boca. Eram tantas as coisas que estavam a acontecer ao mesmo tempo, que o meu subconsciente não quis aceitar nem metade. Parecia uma luta constante entre o dito pelo não dito. Nada fazia sentido. Dentro de mim estavam restos de fracassos pelos quais me fizeram passar. Eu sentia-me apenas como uma qualquer, não tinha nada, e o pouco que tinha não me pertencia. Era de alguém que antes me ofereceu e não quis voltar para levar. O meu coração encontrava-se partido, como pedaços desfeitos. Mas eu sempre soube que seria assim, desde o princípio. Eu sabia que iria acabar ali sentada naquele chão frio, sem uma mão amiga, e sem uma palavra certeira que me ajudasse no passo seguinte. Eu acabaria ali daquela forma, como ele queria, como ele sempre me quis ver. E lá fora o vento era mais forte que a dureza das minhas janelas, e as portas continuavam a bater, de um modo silencioso mas arruinador…

não é verídico

1 comentário:

  1. Todo o texto é demasiado envolvente. Revi-me nele. Talvez num contexto diferente, mas a dureza, o sufoco, a angustia, a dor e o desespero estão lá, estavam lá...
    Com ou sem "vento", é possivel superar a dor e voltarmos a sentir o quente do dia. *

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