segunda-feira

O longe torna-se sempre perto.


Deslizo agora por pensamentos onde só estás presente tu, tu e o nosso amor. Deixo que todos eles me absorvam do mundo lá fora, do mundo que eu não quero pertencer mais, do mundo onde magoei tudo em ti, onde te deixei feridas que provavelmente serão incuráveis. Orgulho-me de ti, por as teres mantido vivas para que eu quando olhasse para o lado as conseguisse ver, a elas e ao teu desconforto cada vez que olhavas para mim. Nesse mundo eu consegui sentir raiva de mim mesma, e das pessoas que mesmo não apresentando mau carácter me conseguiam destruir todo o caminho que já tinha construído contigo. Desculpa. São as únicas letras que consigo escrever para ti, são as únicas que mesmo calmamente e de maneira a que as percebas, conseguem traduzir estupidamente um arrependimento. Eu espero que me entendas, podes não conseguir entender já, mas mais tarde eu tenho esperança que sim. Quero também que saibas que em todos estes dias que te ausentaste, eu acordei vezes sem conta em várias noites a pedir o calor dos teus braços, e todas as palavras que me dizias em tom baixo. Pedia sobretudo a tua mão, para que me conseguisse manter segura, para mim não há nada nem ninguém que me dê tanta segurança como tu. E ultimamente tenho percebido que não estou enganada naquilo que digo, ou pelo menos naquilo que o meu coração me diz. Estes dias serviram também para me encher a alma de lágrimas, muitas delas nem tu sabias que as deitava por ti, enganava-te e dizia-te que não ia deita-las por ninguém. Afirmo então com todas as certezas que se há pessoas feridas e perturbadas por dentro, eu sinto-me uma delas, apesar de quando me aqueces a mente eu não me considere tal pessoa. É mesmo só quando riscas o teu caminho no sentido inverso do meu, sinto-me tão desprotegida, não imaginas. Devias sentir-te orgulhoso, conseguiste mover tudo o que me pertence para o teu lado, de maneira a que ficasse somente tua, de maneira a que me provasses em cada aspecto e de todas as formas. Só tu o conseguiste, só tu consegues captar todos os meus pensamentos, dia após dia, deixando-me sempre com uma agradável boa disposição. Se tu não estás, eu deixo de ser eu. Prefiro correr o mundo, deixar a vida que um dia me prendeu aqui – pois aquela que me prende agora, és tu -, prefiro esconder todos os momentos que guardamos para nós lá bem atrás, prefiro deixar o momento suspenso e pensar que mais tarde vou estar a disfrutar-te. Prefiro de todo pensar assim, simplesmente porque não consigo pensar de outra maneira, porque tu não deixas de ser tu, nem nesses maus momentos. E mesmo quando te firo eu sei que não deixas de me amar. Eu sei que independentemente de pensares que o teu valor resumiu-se a zero em mim, sabes também que em todas aquelas noites, onde só existes tu, eu e as paredes do meu quarto, eu te dou mais do que provas que não é assim, talvez devesse deixar os momentos a dois para trás e pensar na rotina, mas o que é verdade é que eu não me consigo esquecer deles, eu não os consigo olhar sem os agarrar. Estão presos em mim, como tu. Como tinha referido no princípio tu és o centro da minha maneira de pensar. Agora sinto-me capacitada de te referir nos olhos o quanto és para mim e a falta que me fazias. Essa falta eu tentei esconde-la, tal como escondia todas as canetas e todas as folhas soltas, para não saberes que ainda te escrevia. Para me manter forte, a mim e ao sentimento que preso todos os dias pela pessoa que és. Desculpa mais uma vez, mas eu tinha que me proteger de alguma maneira, e não encontrei outra. Todas as opções que me eram dadas não singularizavam o tamanho do nosso problema. Agora que voltaste, e que eu não quero que vás mais, confia na pessoa que à uns meses se entregou a ti, e te deixou marcas que tu dizes não conseguir esquecer nunca. Deixa o passado lá atrás, mesmo que ele ainda te estorve a cabeça e te puxe, sê mais forte. Avisa-o que eu estou contigo, e contigo eu estou bem.

Sem comentários:

Enviar um comentário