E ali estava eu, perante o mar e o destino, esse que nos juntou, que nos fez acreditar que seriamos merecedores de um mundo só… trazia a tua fotografia comigo, no ecrã do meu telemóvel, não para me lembrar de ti, porque és quem eu nunca esqueço, mas sim para me dar forca mesmo que não estivesses presente fisicamente. Tentei conformar-me que as nossas vidas estariam “para sempre” cruzadas, mas parecia que havia algo que não me deixava levar essa ideia até ao fim, havia algo ali que me puxava as ideias que eu tentava arrumar na minha cabeça, e não me deixava ter certezas de nada. Tu naquele momento eras uma certeza instável, eras um poço sem fundo, um poço de dúvidas. Ali parecia que me sentia segura mas ao mesmo tempo quebrada, sentia que o teu braço me estava a puxar e me inclinavas a cara para te beijar, como tu tão bem fazes. Estavas a tentar mostrar-me que o que mais queria na vida era eu, também consegui perceber isso. Mas todas as minhas dúvidas permaneceram sempre. Deixei que o vento forte me batesse na cara e me deixasse presa aquele lugar, sozinha e com um lápis e mais uma das folhas do nosso caderno na mão. Deixei de te sentir, parecias-me longe como tens estado nestes dias. Há quem diga que o mar traz respostas para as perguntas mais difíceis. E eu lancei-as a todas para que ele me pudesse esclarecer de uma vez, mas parece-me que ele tem alguma coisa haver contigo, são os dois leais aos seus princípios. E como tu, ele fez uma expressão ao rebentar de uma onda, que me fez perceber que não haviam respostas, que só o tempo me iria mostra-las, se conseguisse. Digo-te que não me esforcei mais, continuei ali, a escrever e a sonhar… Fazias-me ali falta. Nem que fosse para me veres escrever, ou para me observares a olhar-te. Sabes que os nossos olhares são algo que me deixa sem fala. E como o destino, eles têm sempre um caminho, eles mostram-nos sempre um princípio, um meio e um fim. E ali, naquela tarde, também lhe pedi que o meu fosse ao teu lado, que todos os traços que eu traçasse fossem em conjunto contigo, e que todos os sonhos que eu vivesse tu estivesses lá também. Um dia, trago-te cá comigo.
texto escrito a 12 de Dezembro de 2010
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