terça-feira

Nunca te vou faltar.

Hoje senti-me com a mínima coragem de te escrever, de tentar ser útil nem que seja apenas por breves momentos, e fiz um esforço por ti, e consegui lembrar-me e retratar-te um bocado do meu passado – esse que eu queria tanto deixa-lo lá atrás, mas por ti, eu puxo-o agora comigo -. Se calhar já te devia ter escrito à uns dias atrás, mas tinha receio que não lesses, ainda não sabia a melhor maneira de o fazer para que tu me percebesses.



Primeiro quero que saibas que existo, não apenas por existir, e carrego comigo sentimentos dos quais muitas vezes não consigo comandar, e valorizo-os ao máximo, o que tenho por ti é um deles, admiro a cumplicidade que criei em ti. Aqui vão algumas das minhas palavras, algumas daquelas que tu nunca tiveste a oportunidade de ouvir, ou ler. Digo-te antes de tudo, que te adoro, que te adoro por tudo.


Sei o que pensas, sinto muitas vezes o que sentes também – mesmo que não esteja ai dentro – eu sinto-o. A tua dor muitas das vezes acaba por te perfurar o peito, e se querer espalhar cá para fora, e tu com essa tua grandiosa força não deixas. Mas tudo engana, e o teu olhar é o que engana mais; nem sempre diz tudo. Muitas das vezes fica sempre algo por dizer. A vida é madrasta, e nós nunca podemos fiar-nos muito nela. Às vezes penso para mim mesma, que gostava ainda de ter 7 anos, aquela idade em que para nós o mundo é fácil, não há contratempos que nos parem as tardes de sol a comer pão com tolicreme, ou as tardes de Verão com os amigos, os grandes lanches e as conversas parvas sobre “meninos”. Ali ninguém nos metia mal, o amor não existia, ou se existisse era apenas uma coisa banal…


Adorava quando a minha mãe me contava histórias para adormecer, daquelas em que no final ela me enchia de beijos na cama, e me dava sempre a ultima palavra “- gosto muito de ti”. Sabia-me bem, aquele aconchego no Inverno, quando ela me tapava os pés com o edredão e me levava chocolate quente à cama. Esse também era o tempo de creche, de pré-primária, de educação física apenas com cambalhotas; era tudo um pretérito-mais-do-que-perfeito. Confesso-te que quando chegava a casa depois da minha mãe me ter ido buscar à escola, trazia sempre uma pequena ansiedade comigo, pela 18:30h, para a minha ginástica, para subir em “cima” do meu par, e entrar noutro mundo. Aquilo era a minha vida, desde os meus 3 anos.


Com o tempo vamos perdendo tudo, vamos ganhando formas de adolescentes, vamos seguindo pegadas dos “morangos com açúcar” nem que seja numa simples pulseira. Vamos deixando de correr atrás de uma bola de futebol com os amigos, ou de uma pirâmide de ginástica com as amigas, para procurarmos trabalho, e pedirmos o essencial; o amor – aquele que tanto estraga corações -.


O teu vejo-o muito pequenino, está partido em bocados, mas não deixa de suportar sentimentos, não deixa de “bater”, nem de comandar também a tua cabeça. É a lei da vida. e toda essa dor que trazes contigo ai dentro, está a arrastar-te cada vez mais para o fundo; e mais uma vez peço-te que fales comigo, sempre que a tua alma se encher de dúvidas, sempre que a tua mão tremer de medos, ou sempre que a tua cara se quiser encher de lágrimas. Não estás sozinho – mesmo que digas que sim – eu quero estar presente, bem presente até. Fico feliz se receber todos os dias nem que seja um terço do teu sorriso, ou apenas um abraço, para sentir que estás bem.

 
Por favor não fiques ai parado. Faz qualquer coisa. Grita se for preciso. Está nas tuas mãos, sempre esteve. Faz qualquer coisa. Atira pedras á janela, manda tocar o relógio da igreja fora de horas, mas mexe-te. E lembra-te: eu estou aqui, para ficar. Gosto muito, mesmo muito de ti rui.

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